domingo, 10 de junho de 2018

Festa Junina


Estive observando umas publicações equivocadas ao lado desta representação da morte do mártir João Batista. Esta aqui:

"O POVO SE FAZ DE INOCENTE

O que é a festa do São João? Nada mais é do que a celebração da morte de João Batista. João foi decapitado porque pregou a verdade! Quando um ente querido morre a gente se alegra ou se entristece?
Quando celebramos o São João estamos celebrando não só a morte de João Batista, mas também a mentira e a iniquidade. Porque as pessoas que fizeram isso com ele tinha tal prática. E colocaram está data, justamente porque era aniversário de Herodes, ao qual acatou um desejo da sua enteada, e deu a ordem de decapitar João.
O ato de fazer a fogueira e pular, vem de celebrações pagãs. Que celebravam e ainda celebram aos deuses estranhos. E em algumas ocasiões jogavam crianças nas fogueiras  ara sacrificar ao deus Moloque, dai vem a "tradição" pular fogueira. Agora tem um tal de "não tem nada a ver"

Pois bem, primeiro a festa junina originalmente nada tem a ver com o cristianismo ou com santos católicos. Tem sim a ver com o festival de inverno indígena de gastronomia e artesanato. Isso bem antes dos jesuítas pisarem o solo da terra que viria mais tarde a ser reconhecida por Brasil. Milho, amendoim e mandioca eram os principais alimentos, tal como hoje ainda são nas festas juninas. Todos estes alimentos são nativos da América, ou seja, não foram trazidos pelos portugueses cristãos. E tinha fogueira, claro, nos festivais em várias tribos; e danças e religiosidade. Ninguém sabe nem precisar quando houve as primeiras festas juninas indígenas. Nem se o próprio São João Batista já era vivo quando elas começaram. Aí, me poupem nestas argumentações parcas!

Mas enfim, os jesuítas vieram somente no século XVI e viram quão bonito eram os festivais "pagãos" e deram um jeitinho brasileiro de adaptar as coisas e meteram São José (em 19 de) março, período de maior plantação das culturas que iam abastecer o festival. Índio não fazia produção para guardar; consumiam tudo em cada dia; o festival era para a mesma coisa, só que em maior intensidade. Gente, não havia paiol, geladeira etc. Mas havia dias de festa. O certo é que 3 meses depois, o que foi plantado passava a ser colhido e haja cauim (bebida alcoólica feita a partir da mandioca)), e as guloseimas: beiju, farinha, milho assado, cozido, amendoim de várias formas etc. Era o mês de junho e os jesuítas quiseram fazer daquilo uma festa religiosa de união e alegria. Três santos católicos foram evidenciados: Santo Antônio, São João e São Pedro (este já no fim de festa). Ao contrário dos outros dois, São João tem seu dia de nascimento em 24 daquele mês. Geralmente as datas dos santos católicos são lembradas ou louvadas em dias de sua morte. É outro equívoco deste texto acima. João Batista vai morrer lá em agosto, mês do nascimento de Santo Antônio, e também de Herodes (isso eu digo provavelmente porque os calendários judaicos diferem do nosso gregoriano).

Festa junina é cultura brasileira, especialmente nordestina. Tem origem brasileira com adaptações, quer sejam religiosas ou profanas. 

Um comentário:

Unknown disse...

É importante citar a fonte da pesquisa que subsidia os argumentos. Fontes históricas para que possamos compreender melhor esse fenômeno cultural.